Horas...

Algo diferente, pra não perder a prática...

Horas...


Já estava escuro. Passava das 19:00 quando cheguei em casa. Era um dia típico de inverno. Como o sol já tinha se escondido, estava um bocado frio. Cheguei do trabalho cansado. Entrei na casa atropelando tudo, deixando as coisas pelo caminho até chegar na sala. A pasta ficou logo na soleira, as blusas todas na mesa, a pasta ao lado da estante. Mal entrei e já estava deitado no sofá. Bem acomodado, com o corpo parecendo que havia sido massacrado por um trator, os olhos pesados, variavam entre instantes pregados, quase dormindo, e arregalados, assustados com o quase-cochilo. Acabei sendo derrotado pelo conforto do sofá e pelo cansaço. Entre a hora que eu cheguei em casa e a hora que eu dormi, passaram-se longos 10 minutos, embalados pelo som do tic-tac do velho cuco da parede.
Logo que adormeci, me peguei sonhando num campo de um gramado verde vistoso, cheio de árvores, com água corrente, um lugar maravilhoso. De longe podia escutar uma voz feminina, muito doce. Logo que eu percebi, estava deitando-se ao meu lado. No momento que ela recostou no meu ombro, eu não pude olhar no seu rosto. Um barulho alto, estalado, me despertou num susto. Despertei ainda no sofá, todo vestido, amarrotado, com a roupa do trabalho do dia anterior. Atordoado, comecei a procurar o tal do barulho que tinha me acordado. Procurei por toda a casa. Já era mais de 7:20, quando eu resolvi procurar do lado de fora, percebi que ainda estava escuro. Olhei outra vez no relógio. Não era 7:20, mas 19:20. Tinha dormido apenas 15 minutos.
De repente, escutei outro estalo. Me virei depressa pra ver o que tinha feito o barulho. O relógio marcava 19:21. O cuco tinha estalado a troca do horário. Não acreditei, comecei a rir sozinho, mas logo parei. Parei chateado, por não ter visto o rosto daquela mulher que tinha deitado ao meu lado. Em seguida, olhei uma foto sua na escrivaninha. Me bateu uma saudade. Foi aí que eu entendi meu sonho. A pessoa era você.
f_godeny, 22/02/2010

Boa semana!!